quarta-feira, 17 de setembro de 2014

CONSUMIR GOMA DE MASCAR PREJUDICA A CONSOLIDAÇÃO DA MEMORIA DE CURTO PRAZO

O hábito de consumir goma de mascar, em suas diferentes formas, vem de muito antes do que se imagina. Gregos, americanos e ingleses difundiram este hábito desde a antiguidade, que hoje está bem estabelecido no dia-a-dia das pessoas.

São diversos os estudos evidenciando que o consumo de goma de mascar reduz o estresse, a fadiga, a ansiedade e sintomas depressivos, além de aumentar o bom humor. Ainda, está associado com o aumento do desempenho, atenção e do estado de alerta no trabalho1-3. Corroborando esses dados, pesquisadores australianos demonstraram que o ato de mascar essa guloseima esteve associado com redução dos níveis salivares de cortisol,além da significante melhora do estado de alerta e redução do estado de ansiedade e estresse4. Ainda, recentemente, tem sido sugerido que o uso de goma de mascar pode também exercer interferência em processos fisiológicos, como redução do risco de hipertensão e colesterol alto.

Todavia, um recente estudo mostrou que, apesar dos efeitos benéficos mostrados acima, este hábito tão difundido pode prejudicar potencialmente a memória de curto prazo. Kozlov et al.5 conduziram na Universidade Britânica de Cardiff três experimentos com o intuito de investigar o impacto do consumo de gomas de mascar sobre a memória de curta duração. No primeiro experimento, 40 estudantes, após mascar a goma vigorosamente, foram orientados a lembrar uma sequência de sete letras aleatoriamente ordenadas. Um grupo menor repetiu então este mesmo experimento, porém mascando a goma em velocidade normal. No segundo experimento, os participantes foram questionados quanto ao sabor da goma de mascar e então tiveram que identificar uma letra da sequência anterior que foi retirada. Nestes dois experimentos, foi encontrado que o consumo de goma de mascar prejudicou a memorização da sequência de letras, bem como da identificação da letra retirada, que são aspectos fundamentais relacionados com a memória de curto prazo. No terceiro e último experimento, os estudantes foram submetidos a identificar um item faltante de uma sequência através do tato. Os resultados deste experimento foram semelhantes aos do segundo experimento, sugerindo, assim, que a memória do tato sofre influência similar exercida pelo uso de goma de mascar na consolidação da memória de curto prazo.

Além disso, a goma de mascar possui em sua composição diversos aditivos químicos que, quando consumidos em excesso e dentro de uma dieta pobre em cofatores nutricionais para a destoxificação hepática, pode sobrecarregar o funcionamento deste órgão. Com o prejuízo das vias de detoxificação, o fígado não é capaz de metabolizar diversas toxinas e drogas, levando ao acúmulo destes no organismo e aumentando a predisposição a distúrbios como obesidade, infertilidade, diabetes e câncer6-8.

Em meio a preocupações com o meio ambiente, a goma de mascar também apresenta outro ponto negativo: pode ser considerado um poluente ambiental, uma vez que demora 5 anos para sua completa degradação9.
Referências Bibliográficas:
1. SMITH, A.P.; CHAPLIN, K.; WADSWORTH, E. Chewing gum, occupational stress, work performance and wellbeing: a interventional study. Appetite; 58(3): 1083-86, 2012.
2. SMITH, A. Effects of chewing gum on stress and health: a replication and investigation of dose-response. Stress and health; 2012.
3. ALLEN, A.P.; SMITH, A.P. Effects of chewing gum and time-on-task on alertness and attention. Nutritional neuroscience; 15(4): 176-185, 2012.
4. SCHOLEY, A.; HASKELL, C.; ROBERTSON, B. et al. Chewing gum alleviates negative mood and reduces cortisol during acute laboratory psychological stress. Physiology & Behavior; 97(3-4): 304-312, 2009.
5. KOZLOV, M.D.; HUGHES, R.W.; JONES, D.M. Gummed-up memory: chewing gum impairs short-term recall. The Quarterly Journal of Experimental Psychology; 65: 510-513, 2012.
6. TIWARI, D.; KAMBLE, J.; CHILGUNDE, S. et al. Clastogenic and mutagenic effects of bisphenol A: an endocrine disruptor. Mutation research/ genetic toxicology and environmental mutagenesis; 743(1-2): 83-90, 2012.
7. JANESICK, A.; BLUMBERG, B. Obesogens, stem cells and the development programming of obesity. International journal of andrology; 35(3): 437-448, 2012.
8. JANESICK, A.; BLUMBERG, B. The role of environmental obesogens in the obesity epidemic. Obesity before birth; 30(4): 383-399, 2011.
9. Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Tempo de degradação dos materiais. Disponível em: http://www.fec.unicamp.br/~crsfec/tempo_degrada.html. Acesso em: 03 de agosto de 2012.

Fonte: VP Consultoria Nutricional