sexta-feira, 26 de setembro de 2014

TEMPERO ANTIGORDURINHAS

A dica nutricional publicada na revista Boa Forma associa o consumo de temperos culinários naturais como o gengibre, a pimenta, o cravo, a canela e, em especial, a cúrcuma, à prevenção e tratamento da obesidade, graças à capacidade de interferir no metabolismo do tecido adiposo.
Houve um tempo em que a obesidade era encarada como um problema social estético, passando posteriormente a ser reconhecida como uma doença. Mais adiante, avanços científicos comprovaram que a obesidade é uma doença de caráter crônico. Mais recentemente, pesquisas têm identificado a obesidade como uma doença de origem inflamatória. Desta forma, podemos defini-la como uma doença crônica não-transmissível, de caráter inflamatório, de causa multifatorial, e que atua como fator adjuvante no desenvolvimento da síndrome metabólica, assim como fator de risco significativo para doenças cardiovasculares e diabetes.
Embora se tenha pensado durante muito tempo que o tecido adiposo servia unicamente como depósito de gordura excessiva, pesquisas têm demonstrado outras funções orgânicas importantes, como estímulo nervoso autônomo e secreção de hormônios. Esse mecanismo regulador é capaz de preservar energia no período pós-prandial, efeito conhecido como lipogênese, e mobilizar energia em períodos de aumento de gasto energético, chamado de lipólise.
Estudos mais atuais têm evidenciado que, além do efeito regulador metabólico, o tecido adiposo é capaz de produzir substâncias consideradas mediadoras da resposta inflamatória como o Fator de Necrose Tumoral alfa (TNF-alfa), interleucinas pró-inflamatórias (IL-1beta, IL-6, IL-8, IL-10, IL-15) e prostaglandinas da série 2 (PGE2).
Outro fator importante descoberto é a maior infiltração de macrófagos no tecido adiposo do indivíduo obeso, capaz de secretar citocinas pró-inflamatórias como TNF-alfa, IL-1 e IL-6, estimulando por sua vez a expressão de citocinas pelo próprio adipócito. O estímulo à produção de citocinas pró-inflamatórias se dá pela ativação de um fator de transcrição conhecido como Nuclear Factor-kappaB (NF-kB), que está presente no citoplasma na forma inativa associada a uma série de proteínas inibidoras chamadas de IkB. Quando esta sofre reação de fosforilação, é desprendida e destruída, liberando NF-kB na forma ativa, que é capaz de entrar no núcleo celular e aumentar a expressão de mediadores inflamatórios pelo adipócito. A atividade excessiva do NF-kB tem sido associada ao desenvolvimento de resistência a insulina, diabetes tipo 2 e risco cardiovascular, demonstrando papel importante não só no desenvolvimento da obesidade como da síndrome metabólica.
Diante dessa recente associação entre a obesidade e o sistema imunológico, muitos compostos ditos como anti-inflamatórios têm sido pesquisados e mais de 800 substâncias foram associadas a redução da expressão do NF-kB, entre elas a curcumina.
A curcumina é um flavonóide presente na cúrcuma (Curcuma longa), também conhecida como açafrão-da-terra, turmérico, açafrão-da-Índia e gengibre amarelo, e é uma planta da família do gengibre, originária da Ásia, utilizada como especiaria e tempero culinário.
Uma pesquisa in vitro evidenciou que a curcumina é capaz de inibir a ação de enzima responsável pela fosforilação do IkB, impedindo a sua destruição e a entrada do NF-kB no núcleo celular, reduzindo assim a expressão de mediadores pró-inflamatórios. Essa característica anti-inflamatória tem associado o consumo da curcumina à prevenção da obesidade.
O potencial antiangiogênico da curcumina também tem sido associado como fator importante na prevenção da obesidade. A angiogênese, ou seja, a formação de novos vasos sanguíneos, é necessária para o crescimento de qualquer tecido, assim como do tecido adiposo, por permitir a chegada de oxigênio e nutrientes. Um estudo em ratos demonstrou que o efeito supressor da angiogênese no tecido adiposo pela curcumina e o seu efeito no metabolismo dos adipócitos contribuíram para o reduzido aumento de peso e gordura corporal.
A síndrome metabólica, conhecida pela associação de fatores como a resistência à insulina, intolerância a glicose, hiperinsulinemia, aumento da lipoproteína de muito baixa densidade, diminuição da lipoproteína de alta densidade e hipertensão arterial sistêmica, tem papel importante no desenvolvimento de doença cardiovascular em indivíduos obesos. A resistência insulínica perece ser o gatilho principal para a ocorrência de todos os outros fatores. Uma pesquisa in vitro demonstrou que a curcumina é capaz de reverter a resistência insulínica no tecido adiposo pela via de inibição da expressão de NF-kB.
Outro estudo em ratos evidenciou que o uso da curcumina reduziu a infiltração de macrófagos no tecido adiposo, a atividade do NF-kB hepático, a hepatomegalia e marcadores de inflamação hepáticos, concluindo que a administração oral do flavonoide é capaz de reverter danos inflamatórios e metabólicos associados à obesidade e de melhorar o controle glicêmico.
A associação entre o consumo de cúrcuma e a prevenção da obesidade parece ter maior explicação no caráter anti-inflamatório do seu flavonoide, já que a doença foi identificada como de origem inflamatória. Tal característica também confere à curcumina a capacidade de reduzir o risco de resistência à insulina, que tem papel fundamental na instalação da síndrome metabólica e na obesidade.
A maioria dos estudos atuais demonstra as propriedades da curcumina in vitro, ou em animais, sendo necessárias maiores informações dos efeitos da substância em humanos. De qualquer forma, diante da quantidade de fatores nocivos aos quais somos expostos diariamente através da alimentação, água, ar e estilo de vida, fazer uso de substâncias como temperos naturais em substituição àqueles artificiais por si só já representa benefício à saúde. Às vezes, o apelo estético da associação entre consumo de uma substância e prevenção de obesidade pode pesar a favor de hábitos alimentares mais saudáveis!
Blog : Vponline

“Dieta do mel emagrece três quilos em um mês e mata a fome de doce”.Cuidado!

O mel é uma substância doce produzida pelas abelhas a partir do néctar das flores; sua utilização como edulcorante é conhecida em diferentes partes do mundo. Seu alto teor de açúcares, pequenas quantidades de aminoácidos e lipídios, juntamente com algumas vitaminas, minerais e compostos antioxidantes transmite o seu elevado valor nutricional. Porém, as amostras de mel que estão disponíveis comercialmente, diferem em qualidade por conta de vários fatores, como as condições geográficas, sazonais e de processamento, fonte floral, embalagens e período de armazenamento.
As propriedades terapêuticas do mel já são reconhecidas e estudadas há muito tempo. Sabe-se que ele tem o poder de proteger o organismo contra vírus, inflamações, radicais livres e até mesmo câncer. O trato gastrointestinal (TGI) contém grande quantidade de bactérias essenciais e benéficas, especialmente bifidobactérias. Tem sido sugerido que o mel pode aumentar a quantidade dessas bactérias no TGI devido à presença de fibras prebióticas em sua composição.
Mais recentemente, têm-se atribuído ao mel propriedades emagrecedoras. A revista Corpo a Corpo número 302 apresentou a matéria de capa a seguinte frase “Dieta do mel emagrece três quilos em um mês e mata a fome de doce”.
Um estudo publicado pela revista International Journal of Food Sciences and Nutrition investigou o efeito do consumo de mel sobre o peso e alguns parâmetros bioquímicos em pacientes diabéticos. Eles demonstraram que seu consumo pode proporcionar efeitos benéficos sobre o peso corporal e lipídios no sangue de pacientes diabéticos. Entretanto, devido ao aumento da hemoglobina glicada, seu consumo deve ser cauteloso. Outro estudo, dessa vez conduzido em ratos, observou que em comparação à sacarose o mel pode reduzir o ganho de peso e adiposidade, provavelmente devido à menor ingestão de alimentos por parte dos ratos que receberam mel ao invés de açúcar.
Os estudos ainda são muito escassos, faltam dados que justifiquem e comprovem essa suposta propriedade emagrecedora do mel. Temos que ter bom senso nesse caso, pois o mel pode ter valor nutricional interessante, mas não deixa de ser uma fonte de carboidrato, na forma de frutose, cujo consumo excessivo pode ser prejudicial a saúde. Além disso, é importante considerar que não existe um único alimento capaz de promover perda de peso – os efeitos benéficos só serão alcançados com o consumo de uma dieta nutricionalmente equilibrada.

Fonte:VP online

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

CONSUMIR GOMA DE MASCAR PREJUDICA A CONSOLIDAÇÃO DA MEMORIA DE CURTO PRAZO

O hábito de consumir goma de mascar, em suas diferentes formas, vem de muito antes do que se imagina. Gregos, americanos e ingleses difundiram este hábito desde a antiguidade, que hoje está bem estabelecido no dia-a-dia das pessoas.

São diversos os estudos evidenciando que o consumo de goma de mascar reduz o estresse, a fadiga, a ansiedade e sintomas depressivos, além de aumentar o bom humor. Ainda, está associado com o aumento do desempenho, atenção e do estado de alerta no trabalho1-3. Corroborando esses dados, pesquisadores australianos demonstraram que o ato de mascar essa guloseima esteve associado com redução dos níveis salivares de cortisol,além da significante melhora do estado de alerta e redução do estado de ansiedade e estresse4. Ainda, recentemente, tem sido sugerido que o uso de goma de mascar pode também exercer interferência em processos fisiológicos, como redução do risco de hipertensão e colesterol alto.

Todavia, um recente estudo mostrou que, apesar dos efeitos benéficos mostrados acima, este hábito tão difundido pode prejudicar potencialmente a memória de curto prazo. Kozlov et al.5 conduziram na Universidade Britânica de Cardiff três experimentos com o intuito de investigar o impacto do consumo de gomas de mascar sobre a memória de curta duração. No primeiro experimento, 40 estudantes, após mascar a goma vigorosamente, foram orientados a lembrar uma sequência de sete letras aleatoriamente ordenadas. Um grupo menor repetiu então este mesmo experimento, porém mascando a goma em velocidade normal. No segundo experimento, os participantes foram questionados quanto ao sabor da goma de mascar e então tiveram que identificar uma letra da sequência anterior que foi retirada. Nestes dois experimentos, foi encontrado que o consumo de goma de mascar prejudicou a memorização da sequência de letras, bem como da identificação da letra retirada, que são aspectos fundamentais relacionados com a memória de curto prazo. No terceiro e último experimento, os estudantes foram submetidos a identificar um item faltante de uma sequência através do tato. Os resultados deste experimento foram semelhantes aos do segundo experimento, sugerindo, assim, que a memória do tato sofre influência similar exercida pelo uso de goma de mascar na consolidação da memória de curto prazo.

Além disso, a goma de mascar possui em sua composição diversos aditivos químicos que, quando consumidos em excesso e dentro de uma dieta pobre em cofatores nutricionais para a destoxificação hepática, pode sobrecarregar o funcionamento deste órgão. Com o prejuízo das vias de detoxificação, o fígado não é capaz de metabolizar diversas toxinas e drogas, levando ao acúmulo destes no organismo e aumentando a predisposição a distúrbios como obesidade, infertilidade, diabetes e câncer6-8.

Em meio a preocupações com o meio ambiente, a goma de mascar também apresenta outro ponto negativo: pode ser considerado um poluente ambiental, uma vez que demora 5 anos para sua completa degradação9.
Referências Bibliográficas:
1. SMITH, A.P.; CHAPLIN, K.; WADSWORTH, E. Chewing gum, occupational stress, work performance and wellbeing: a interventional study. Appetite; 58(3): 1083-86, 2012.
2. SMITH, A. Effects of chewing gum on stress and health: a replication and investigation of dose-response. Stress and health; 2012.
3. ALLEN, A.P.; SMITH, A.P. Effects of chewing gum and time-on-task on alertness and attention. Nutritional neuroscience; 15(4): 176-185, 2012.
4. SCHOLEY, A.; HASKELL, C.; ROBERTSON, B. et al. Chewing gum alleviates negative mood and reduces cortisol during acute laboratory psychological stress. Physiology & Behavior; 97(3-4): 304-312, 2009.
5. KOZLOV, M.D.; HUGHES, R.W.; JONES, D.M. Gummed-up memory: chewing gum impairs short-term recall. The Quarterly Journal of Experimental Psychology; 65: 510-513, 2012.
6. TIWARI, D.; KAMBLE, J.; CHILGUNDE, S. et al. Clastogenic and mutagenic effects of bisphenol A: an endocrine disruptor. Mutation research/ genetic toxicology and environmental mutagenesis; 743(1-2): 83-90, 2012.
7. JANESICK, A.; BLUMBERG, B. Obesogens, stem cells and the development programming of obesity. International journal of andrology; 35(3): 437-448, 2012.
8. JANESICK, A.; BLUMBERG, B. The role of environmental obesogens in the obesity epidemic. Obesity before birth; 30(4): 383-399, 2011.
9. Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Tempo de degradação dos materiais. Disponível em: http://www.fec.unicamp.br/~crsfec/tempo_degrada.html. Acesso em: 03 de agosto de 2012.

Fonte: VP Consultoria Nutricional

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Uva passa: para a pressão arterial e para o controle da glicemia

Estudo publicado em janeiro (2014) no periódico Postgraduate Medicine. Realizado por pesquisadores do Departamento de Medicina e Nutrição Clínica da Universidade de Kentucky, Estados Unidos, mostrou que merendas (lanches intermediários entre as refeições) compostas por uvas passas é mais do que um hábito nutritivo: Ele também pode reduzir a pressão arterial e a incidência de diabetes, reduzindo a carga glicêmica. Participaram do estudo, 46 adultos que foram avaliados durante 12 semanas. Durante este período, 15 participantes comeram petiscos típicos durante o lanche, enquanto 31 comeram uvas passas. Antes, durante e após o período de 12 semanas, os pesquisadores monitoraram a pressão arterial dos participantes, os níveis de glicose sanguínea após a refeição e, também, coletaram amostras de sangue para testar os níveis de hemoglobina glicada - também chamado AbA1c (biomarcador que monitora o risco cardiovascular). Os pesquisadores descobriram que os participantes que consumiram as passas durante o lanche, apresentaram níveis de glicose mais baixos após a refeição. A glicose sanguínea caiu 13 miligramas por decilitro de sangue (mg / dL). Além disso, o grupo (passas) também apresentou níveis significativamente mais baixos de hemoglobina glicada e pressão arterial sistólica e diastólica. Os níveis de pressão sistólica reduziu entre 6 e 10 mmHg - uma mudança bastante significativa. 

Sem Temperoo Não Dá !!!