segunda-feira, 25 de junho de 2012

Família influi na obesidade infantil

Família influi na obesidade infantil


        Não basta preparar a refeição mais saudável, criar uma verdadeira revolução na lancheira e matricular os pequenos na natação, no futebol, na ginástica artística e no que mais for preciso para queimar calorias. No tratamento da obesidade infantil, é fundamental uma atuação interdisciplinar e uma perspectiva sistêmica em que a criança acima do peso seja vista como parte de um todo. Em outras palavras, o relacionamento entre pais e filhos e a história familiar são determinantes no processo de emagrecimento e devem ser articulados com as questões nutricionais e o processo de mudança de estilo de vida.
       No recém-lançado livro Obesidade na Infância e Interações Familiares: Uma Trama Complexa (editora Coopmed), a mestre em ciência da saúde e coordenadora do setor de Psicologia do Hospital São Camilo, em Belo Horizonte, Valéria Tassara, aborda a obesidade na infância ampliando o foco da responsabilidade da própria criança para o contexto das relações parentais e sociais. Fatores biogenéticos, familiares e psicossociais inter-relacionados seriam definidores na constituição do problema.
           O estudo, realizado no Ambulatório de Nutrologia Pediátrica do Hospital das Clínicas, ressalta a importância de construir intervenções em redes cooperativas e solidárias entre as famílias, os profissionais de saúde, as instituições sociais e as políticas públicas para prevenir e tratar o excesso de peso na infância. Segundo a especialista, sozinha, seguindo um regime, a criança não consegue os efeitos necessários do tratamento.
            A entrada da psicologia no processo ajudou a compreender como as crianças engordavam no contexto das relações familiares e sociais. Na pesquisa, a psicóloga identificou que algum fenômeno na origem das mães, como um sofrimento na família, favoreceria o emaranhado da relação com a criança.
— Observamos vários aspectos transmitidos entre gerações, como a obesidade e outras questões simbólicas. São valores e crenças compartilhados ao longo dos anos, uma identidade familiar sustentada no ser gordo. Não é só um padrão que se repete, mas um valor simbólico de sobrevivência do grupo familiar, do sentimento de pertencimento. Tornar-se magro e se diferenciar significaria ameaçar a existência da família em dada geração — explica.

Responsabilidade compartilhada
       Se a obesidade infantil tem tamanha relação com a identidade familiar, vem a pergunta: é possível mudá-la? Como? Segundo a pesquisadora Valéria Tassara, a repetição pode, sim, ser contestada. Os próprios questionamentos dos familiares e das crianças permitem constituir um espaço de conversação com o profissional para a construção do processo de mudanças de hábitos alimentares e estilo de vida que se tecem às questões relacionadas à identidade familiar, valores e crenças.
        A profissional lembra, por exemplo, de uma mãe que perguntou: "Aprendi que cuidar bem da minha família era dar muita comida. Como, agora, isso pode fazer mal à saúde deles?". Nesse caso, o marido tinha feito cirurgia de redução do estômago e a criança apresentou colesterol alto. A intervenção na perspectiva da psicologia sistêmica propiciou a construção de um contexto de autonomia em que os familiares e as crianças registram seus objetivos, elaboram sua proposta-projeto acordando entre eles suas responsabilidades compartilhadas para o processo de mudanças.
     A participação da família no processo de diferenciação da identidade da criança é vivenciada como uma mudança que faz parte do ciclo de vida familiar, e não como extinção da sobrevivência do grupo. O melhor caminho é o da luta das famílias ao lado das crianças.
— Não para as crianças, e sim com elas. Que seja uma luta saudável no sentido de haver uma mudança de hábitos e identidades, e isso ser colocado como um projeto a ser construído pelo grupo familiar. Para isso, é fundamental que os familiares e os profissionais vejam que o problema é deles também, e não só da criança — acrescenta.

Há excesso de açúcar e gordura na dieta
        Entre as crianças com idade de 10 a 13 anos, 80% consomem açúcar acima do nível recomendado pelos nutricionistas. Os dados são de pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que registrou ainda consumo de gordura, pela mesma faixa etária, 89% acima dos padrões, e ingestão de fibras 82% abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Os dados foram apresentados pelo gerente de Pesquisas de Orçamento Familiares do IBGE, Edilson Nascimento Silva, no 8º Fórum Nacional de Alimentação Escolar, realizado no fim de maio em São Paulo.
         Para a nutricionista Joana D'Arc Mura, coordenadora do comitê científico do fórum, os dados explicam o aumento da obesidade na população brasileira, especialmente entre crianças e jovens. Tal crescimento foi constatado pelo próprio IBGE em outro estudo. De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), o excesso de peso entre meninos de cinco a nove anos saltou de 10,9%, em 1974, para 34,8%, em 2009. Entre as meninas da mesma faixa etária, o sobrepeso subiu de 8,6%, em 1974, para 32% há três anos.

Dieta do Mediterrâneo aumenta a qualidade de vida

             
 dieta do mediterraneo melhora qualidade de vida
           Há anos, a dieta mediterrânea tem sido associada com uma menor possibilidade de doenças e aumento do bem-estar. Um novo estudo agora a vinculou com a saúde física e mental também.
A dieta mediterrânea, que se caracteriza pelo consumo de frutas, legumes, leguminosas (feijão, ervilha, grão de bico e lentilhas, etc), peixes, azeite e nozes, tem provado ser benéfica para a saúde pois se a uma menor chance de doenças crônicas e uma menor taxa de mortalidade.
              Um novo estudo liderado pela Universidade de Las Palmas de Gran Canaria e da Universidade de Navarra deu o próximo passo e analisou a influência da dieta mediterrânea na qualidade de vida de uma amostra de mais de 11.000 estudantes universitários durante um período de quatro anos .
             Os dados sobre a dieta foram colhidos no início do estudo e a auto-avaliação sobre a qualidade de vida foi medida após o período de acompanhamento de quatro anos. Para se verificar se a dieta mediterrânea foi realmente seguida, o consumo de vegetais, leguminosas, frutas, cereais e peixe foi positivamente valorizado, enquanto o consumo de produtos lácteos , carnes e álcool foi negativamente valorizado.
          Os resultados revelam que aqueles que ingeriram mais alimentos da dieta mediterrânea pontuaram mais no questionário de qualidade de vida em termos de bem-estar físico e mental. Esta ligação foi ainda mais forte em termos físicos de qualidade de vida.

A Pirâmide do Mediterrâneo
         Henríquez afirma que “a dieta mediterrânea é um importante fator associado com melhor qualidade de vida e pode ser considerado como um modelo de alimentação saudável.” Sua pirâmide alimentar combina alimentos a serem ingeridos diariamente, semanalmente e, ocasionalmente.
Nas principais refeições nunca deve faltar três elementos básicos: cereais, frutas e legumes e produtos lácteos. Além disso, deve incluir uma ingestão diária de 1,5 a 2 litros de água. O azeite de oliva constitui a principal fonte de gordura por sua qualidade nutricional e o consumo moderado de vinho e outras bebidas fermentadas é recomendado.
        Além disso, peixes, carnes magras e ovos são fontes de proteína animal de alta qualidade. Peixes e frutos do mar também são fontes de gorduras saudáveis.
         No topo da pirâmide estão o açúcar, doces, bolos, doces e bebidas açucaradas que devem ser consumidos ocasionalmente e em pequenas quantidades.
Não se esqueçam das azeitonas e nozes, muito consumidas nessa dieta!

 Fonte:
P. Henríquez Sánchez, C. Ruano, J. de Irala, M. Ruiz-Canela, M.A. Martínez-González, A. Sánchez-Villegas.Adherence to the Mediterranean diet and quality of life in the SUN ProjectEuropean Journal of Clinical Nutrition, 2012; 66(3): 360-8