terça-feira, 10 de março de 2015

AÇAÍ E SUAS PROPRIEDADES NUTRICIONAIS

O açaí é  antioxidante, propriedade que o torna útil na prevenção de cânceres. Esta característica foi explorada recentemente em reportagem de uma revista de grande circulação no Brasil.
As polpas de açaí congeladas comercializadas no Brasil possuem em média, em cada cem gramas:
  • 0,8g de proteínas, 
  • 3,9g de lipídios, 
  • 6,2g de carboidratos 
  • e 2,6g de fibras.

Dos lipídios, prevalece o ácido graxo monoinsaturado oleico, o mesmo encontrado no azeite de oliva e associado à cardioproteção. Por ser rico em lipídios e fibras e pobre em carboidratos se comparado a outras frutas, o açaí possui baixos índice e carga glicêmica, ou seja: sua ingestão não causa picos de glicemia e insulinemia, associados a aumento de gordura corporal e do risco de doenças crônicas não transmissíveis.

Entre os micronutrientes presentes no açaí, destacam-se:
  • a vitamina E (importante antioxidante) e minerais, 
  • como manganês (também antioxidante e importante para a saúde óssea),
  •  magnésio (essencial à geração e utilização de energia no corpo), 
  • cálcio (que age na contração muscular, transmissão do impulso nervoso e na formação dos ossos) e cromo (necessário para uma boa atuação do hormônio insulina). 
  • Apesar de não ser grande fonte de ferro, o açaí possui propriedades antianêmicas, talvez por reduzir a inflamação e por consequência, aumentar a disponibilidade de ferro para formação de hemoglobina.

O açaí é extremamente rico em compostos fenólicos que possuem atividade antioxidante e anti-inflamatória. Entre esses compostos, prevalecem as antocianinas, responsáveis pela cor escura da fruta. O consumo de açaí deve ser encorajado, inclusive entre indivíduos obesos ou com sobrepeso, desde que inserido em uma dieta individualizada, nutricionalmente balanceada e orientada por nutricionista. 

As tradicionais tigelas de açaí congeladas (sem xarope de guaraná ou leite condensado) são opções saudáveis e prazerosas para este verão.


 *Texto elaborado ( adaptado) pelo departamento científico da VP Consultoria Nutricional



REFERÊNCIAS:
1. UDANI, J.K.; SINGH, B.B.; SINGH, V.J.; BARRETT, M.L. Effects of Açaí (Euterpe oleracea Mart.) berry preparation on metabolic parameters in a healthy overweight population: a pilot study. Nutr J; 10:45, 2011.
2. WONG, D.Y.; MUSGRAVE, I.F.; HARVEY, B.S.; SMID, S.D. Açaí (Euterpe oleraceae Mart.) berry extract exerts neuroprotective effects against β-amyloid exposure in vitro. Neurosci Lett; 556: 221-6, 2013.
3. DA COSTA, C.A.; DE OLIVEIRA, P.R.; DE BEM, G.F.; et al. Euterpe oleracea Mart.-derived polyphenols prevent endothelial dysfunction and vascular structural changes in renovascular hypertensive rats: role of oxidative stress. Naunyn Schmiedebergs Arch Pharmacol; 385 (12): 1199-209, 2012.
4. FRAGOSO, M.F.; PRADO, M.G.; BARBOSA, L.; et al. Inhibition of mouse urinary bladder carcinogenesis by açai fruit (Euterpe oleraceae Martius) intake. Plant Foods Hum Nutr; 67 (3): 235-41, 2012.
5. HORIGUCHI, T.; ISHIGURO, N.; CHIHARA, K.; et al. Inhibitory effect of açaí (Euterpe oleracea Mart.) pulp on IgE-mediated mast cell activation. J Agric Food Chem; 59(10): 5595-601, 2011.
6. Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos – TACO. 4ª edição revisada e ampliada. Campinas – SP.
7. SILVEIRA, V.M.; MANHÃES, L.R.T.; BOAVENTURA, G.T.; SABAA-SRUR, A.U.O. Efeito da Polpa de Açaí (Euterpe oleracea, Mart) na Reversão de Anemia em Ratos (Rattus norvegicus) Wistar var. Albinus. Rev. de Ci. Vida. Seropédica; 30(2): 15-27, 2010.
8. GUERRA, J.F.; MAGALHÃES, C.L.; COSTA, D.C.; et al. Dietary açaí modulates ROS production by neutrophils and gene expression of liver antioxidant enzymes in rats. J Clin Biochem Nutr; 49 (3): 188-94, 2011.

FRUTA OU SUCO??



   As frutas são alimentos ricos em fibras solúveis (capazes de reduzir o colesterol e manter a homeostase intestinal) e insolúveis (evitam a obstipação), em vitaminas (dentre as quais destaca-se a C, importante antioxidante que previne doenças crônicas não transmissíveis e envelhecimento precoce) e em diversos compostos bioativos antioxidantes, como carotenoides, flavonoides e terpenos. A maior ingestão de frutas está associada à redução do risco de cânceres, obesidade, doenças neurodegenerativas, hipertensão, entre outras enfermidades. Sendo assim, são essenciais em cardápios saudáveis.

     
Sucos industrializados (aqueles de caixinha ou pó, ainda piores), por outro lado, não contêm fibras ou compostos bioativos. São adicionados de quantidade excessiva de açúcar (obesogênico e inflamatório) ou de adoçantes artificiais (que podem causar obesidade e enxaquecas). Podem conter corantes, como o de caramelo e a tartrazina, além de outros aditivos químicos, interpretados por nosso organismo como xenobióticos, e assim sendo, geram estresse oxidativo e inflamação. O consumo de bebidas adoçadas está associado a elevação do risco de diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares, entre outras patologias.
          
Outra opção muito utilizada nos dias atuais é o uso das polpas de frutas, que em geral, não contêm aditivos químicos, o que já se constitui em uma vantagem sobre os sucos de pó ou caixinha. As polpas, porém, são pobres em fibras, que são retiradas ou quebradas por enzimas em seus processamentos. Perdem também algumas vitaminas e compostos bioativos não resistentes ao tratamento térmico que recebem antes de serem ensacadas. Uma dica é não adicionar açúcar ou adoçantes artificiais.
        
 Os sucos naturais das frutas não substituem as frutas in natura, mas certamente superam em benefícios à saúde, os de caixa, pó ou polpa. Bater frutas doces, que não necessitam ser adoçadas, não coar os sucos e combinar com ingredientes como hortaliças, fibras e especiarias pode ser uma ótima ideia

Abacaxi com hortelã, laranja com cenoura, maçã com couve e limão… São infinitas combinações de sucos antioxidantes, destoxificantes, e antiinflamatórios. Lembre-se que líquidos durante as grandes refeições não são boas opções, pois dificultam a digestão.


* Texto elaborado ( adaptado) pelo depto. científico da VP Consultoria Nutricional


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1. SILVA, P. J. Escolhas e influências dos consumidores de alimentos na modernidade reflexiva:Um estudo em supermercados. Dissertação, Programa de Pós-Graduação em Sociologia,Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná. 2006, p. 19-93
2. FERREIRA, S. R. G. Alimentação, nutrição e saúde: avanços e conflitos da modernidade. Cienc Cult; 62(4): 31-33, 2010.
3. BISMARCK-NASR, E. M.; FRUTUOSO, M.F.P.; GAMBARDELLA, A.M.D. Importância nutricional dos lanches na dieta de adolescentes urbanos de classe média. Pediatria (São Paulo); 28(1): 26-32, 2006.
4. GOMES, F. S. Frutas, legumes e verduras: recomendações técnicas versus constructos sociais. Rev Nutr; 20(6): 669-680, 2007.
5. MELO, E. A. et al. Capacidade antioxidante de frutas. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas; 44 (2): 193-198, 2008.
6. III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol; 77(3):  1-48, 2001.
7. LUDWIG, D. S.; PETERSON, K. E.; GORTMAKER, S. L. Relation between consumption of sugar-sweetened drinks and childhood obesity: a prospective, observational analysis. Lancet; 8: 357: 505, 2001.
8. FERREIRA, T. S.; CHAFAUZER, C.; ARAÚJO JÚNIOR, F.M.; SILVA, G.B. Obesidade central em jovens. Science in health; 3(2): 61-73, 2012.
9. AXON, A.; MAY, F.E.; GAUGHAN, L.E.; et al. Tartrazine and sunset yellow are xenoestrogens in a new screening assay to identify modulators of human oestrogen receptor transcriptional activity. Toxicology; 298(1-3): 40-51, 2012.

Intolerância alimentar

As intolerâncias alimentares são reações adversas a alimentos causadas por características do indivíduo, sem envolvimento de mecanismos imunológicos. Um exemplo clássico de intolerância é a intolerância à lactose, causada por insuficiência da enzima lactase, capaz de digerir o carboidrato do leite em glicose e galactose, que podem ser absorvidos. Sabe-se que adultos têm naturalmente menor quantidade de lactase em seu intestino, pois evoluímos para ingerir lactose apenas durante a infância. 
A intolerância à lactose pode ser causada por deficiência genética da enzima, quando é denominada “deficiência à lactose primária”. Este quadro é mais grave e raro. É detectado ainda na infância. Diarreias prolongadas, uso de laxantes e disbiose intestinal podem causar uma intolerância secundária à lactose, que é um distúrbio temporário e de menor gravidade. Os sintomas são, em sua maioria, gastrintestinais, como náuseas e diarreias, embora sintomas sistêmicos possam aparecer em virtude da deterioração da saúde intestinal.
Existem ainda reações tóxicas, causadas por substâncias presentes em alguns alimentos. As aminas bioativas são substâncias frequentemente associadas a estes quadros. Peixes, moluscos e crustáceos mal conservados podem conter quantidade significativa de histamina, e assim, quando ingeridos, podem mimetizar alergias. Alimentos fermentados como queijos e vinhos, assim como frutas, ao exemplo do abacaxi, contêm tiramina, uma amina bioativa associada principalmente a cefaleias, assim como a octopamina presente em frutas cítricas. Aditivos alimentares como realçadores de sabor, conservantes e corantes artificiais também podem causar reações deste tipo.



* Texto elaborado pelo depto. científico da VP Consultoria Nutricional


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. PASCHOAL, V.; NAVES A.; FONSECA, A.B.P.B.L. Nutrição Clinica Funcional: dos princípios à prática clínica. São Paulo. Editora Valéria Paschoal Ltda., 2007
2. UNTERSMAYR, E.; JENSEN-JAROLIM, E. Mechanisms of type I food allergy. Pharmacol Ther; 112(3): 787-98, 2006.
3. ALERAJ, B.; TOMIĆ, B. Epidemiology of allergic diseases. Acta Med Croatica; 65(2):147-53, 2011.
4. TABAR, A.I.; ACERO, S.; ARREGUI, C.; et al. Asthma and allergy due to carmine dye.  An Sist Sanit Navar; 26 (Suppl 2): 65-73, 2003.
5. BEAUSOLEIL, J.L.; FIEDLER, J.; SPERGEL, J.M. Food Intolerance and childhood asthma: what is the link? Paediatr Drugs; 9(3):157-63, 2007.
6. DEL RÍO-NAVARRO, B.E.; SIENRA-MONGE, J.J. Food allergy. Bol Med Hosp Infant Mex; 50 (6): 422-9, 1993.
7. LEVITT, M.; WILT, T.; SHAUKAT, A. Clinical implications of lactose malabsorption versus lactose intolerance. J Clin Gastroenterol; 47(6): 471-480, 2013.
8. NAILA, A.; FLINT, S.; FLETCHER, G.; et al.. Control of biogenic amines in food–existing and emerging approaches. J Food Sci; 75(7): R139-50, 2010.
9. Leira R, Rodríguez R. Diet and migraine. Rev Neuro; 24(129):534-8, 1996.

ALERGIAS ALIMENTARES

Alergias são cada vez mais comuns em nossa população, e uma das causas deste aumento de prevalência é a progressiva inserção de alimentos industrializados na cultura alimentar ocidental. Estes termos são muitas vezes confundidos, o que talvez se justifique pelo fato de um mesmo alimento poder desencadear os dois quadros ou por ambas serem reações adversas causadas por alimentos. A distinção entre alergias e intolerâncias alimentares foi tema de uma reportagem atual de uma revista de grande circulação no Brasil.
As alergias alimentares ocorrem após a ingestão de alimentos, envolvendo mecanismos imunológicos. Na maior parte das vezes, é causada por um componente proteico do alimento, estando assim, incorreto o termo “alergia à lactose”, já que esta substância, um carboidrato, não é capaz de estimular o sistema imune. Alergias podem ser imediatas ou tardias. O primeiro grupo é de fácil identificação, pois a reação ocorre instantes após a ingestão do alimento. Estas reações são hipersensibilidades tipo 1, mediadas por IgE. Em resumo, o mecanismo é este: um pedaço de proteína mal digerida entra na corrente circulatória, estimula a produção do anticorpo IgE, que induz a produção de mediadores como a histamina, responsável por sintomas como inchaço, vermelhidão e coceira. Alergias tardias são mais difíceis de serem percebidas, pois os sintomas podem aparecer até 4 dias após o contato com o alérgeno. Neste caso, outros tipos de anticorpos e células do sistema imunológico podem estar envolvidos, mas os sintomas são semelhantes. As alergias alimentares podem expressar-se como urticárias, dermatites, rinites, sinusites, asma, e até quadros graves como edema de glote e anafilaxia. 
Os alimentos mais comumente envolvidos em reações alérgicas de ambos os tipos são leite e seus derivados, derivados do trigo, frutos do mar, oleaginosas, soja, milho e ovos. Aditivos alimentares, a exemplo de corantes amarelos e vermelhos podem também causar alergias.


* Texto elaborado pelo depto. científico da VP Consultoria Nutricional


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. PASCHOAL, V.; NAVES A.; FONSECA, A.B.P.B.L. Nutrição Clinica Funcional: dos princípios à prática clínica. São Paulo. Editora Valéria Paschoal Ltda., 2007
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