Segundo os resultados de um estudo publicado por pesquisadores dinamarqueses na edição de julho da revista Pediatrics, filhos de mães portadores de doenças auto-imunes, como a diabete tipo 1,
artrite reumatóide e a doença celíaca teriam um risco até 3 vezes maior
de serem autistas.
Embora a associação entre o autismo e a presença materna de diabete
tipo 1 e artrite reumatóide já tenham sido observadas em estudos
anteriores, este é o primeiro estudo que encontra uma associação entre o
autismo e a presença de doença celíaca na família. Segundo William W.
Eaton, coordenador do Departamento de Saúde Mental da Escola de Saúde
Pública da Johns Hopkins University, "estas observações
reinforçariam a possibilidade de que os processos autoimunes estejam de
alguma forma conectados com as causas da síndrome do autismo".
É importante notar que o Dr. William W. Eaton diz que estes
resultados ainda não tem significado clínico [ou seja, não devem afetar
as decisões e comportamentos de portadores destas doenças], mas que por
enquanto podem servir para direcionar os cientistas na busca das causas
do autismo.
Uma das razões para a associação pode ser genética, segundo Eaton. Ele
diz que "Pode haver algum fator comum entre os mecanismos genéticos de
algumas doenças auto-imunes e o autismo". De acordo com ele, o "autismo é
fortemente determinado geneticamente, mas ainda não temos a menor idéia
dos genes envolvidos. Os resultados desta pesquisa podem ajudar a
determinar as áreas do genoma relacionadas ao autismo". Além disso,
podem existir fatores ambientes que afetem o feto e estimulem a
expressão do autismo.
Para o estudo, a equipe do Dr. Eaton coletou dados de 3325 crianças
dinamarquesas (nascidas entre 1993 e 2004) diagnosticadas com como
autistas. Os dados sobre a presença de doenças auto-imunes nos pais
foram extraídos do Registro Nacional Dinamarquês de Hospitais. Os
resultados da pesquisa indicaram que aquelas crianças cujas mães tinham
alguma doença auto-imune teriam um maior risco de desenvolver a síndrome
do autismo do que crianças de mães sem problemas auto-imunes.
Segundo Dr. Eaton, o aumento no risco de desenvolver o autismo não
foi enorme. "No caso de mães com diabete tipo 1, o risco foi cerca de 2
vezes maior do que na população em geral, no caso de artrite reumatóide
cerca de 1.5 vezes maior e no caso de mães celíacas o risco foi um pouco
mais do que 3 vezes maior". Ele completa que "este aumento não é
suficiente para fazer com que os portadores mudem seu comportamento ou
decisões [em relação a maternidade]".
Os resultados são importantes porque eles indicam que o autismo está de
alguma forma associada à alterações no sistema imunológico. De acordo
com ele, "é importante enfatizar que os resultados não devem causar
preocupações para pais (ou futuros pais) portadores das doenças
estudadas, já que a grande maioria dos portadores destas doenças não tem
filhos autistas".
Fonte:Vida sem glúten e alergias